ATA DA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 14.11.1991.
Aos quatorze dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho da Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Segunda Sessão Solene da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e dezessete minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear a Brigada Militar pelos seu Centésimo Qüinquagésimo Quarto aniversário de criação, em conformidade com o Requerimento nº 05/91 (Processo nº 33/91), de autoria do Vereador Vicente Dutra. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Coronel João Rodrigues Vieira, Chefe da Casa Militar, representando o Governador do Estado; Senhor Antonio Carlos Maciel Rodrigues, Comandante Geral da Brigada Militar; Senhor Tenente-Coronel Raul Trevisan, Coordenador da Defesa Civil, representando o Prefeito Municipal; Senhor Tenente-Coronel Athos Carvalho, representando o Comandante da 3ª Região Militar; Senhor Coronel Celso Souza Soares, Comandante do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar; Senhor Jornalista Firmino Sá Brito Cardoso, representando a Associação Riograndense de Imprensa; o Deputado Estadual Manoel Maria, representando a Assembléia Legislativa; e o Vereador Vicente Dutra, Secretário "ad hoc". Após, o Senhor Presidente convidou a todos a ouvirem, de pé, o Hino Nacional. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Vicente Dutra, em nome das Bancadas do PDS, PMDB, PTB e PL, como autor da proposição, reportou-se sobre o transcurso dos cento e cinqüenta e quatro anos da Brigada Militar, discorrendo acerca da história da Instituição, ressaltando a importância de sua atuação nos movimentos ocorridos no Rio Grande do Sul. Citou nomes daqueles que marcaram a própria história na Brigada Militar. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PDT, teceu considerações sobre a atuação e defesa da Brigada Militar em prol da população riograndense, dizendo que esta Casa faz, hoje, um reconhecimento àqueles que cumprem suas funções em nome da segurança do Estado. Falou sobre o papel e a significação da Brigada Militar, a qual passou por diversas revoluções durante um século e meio, defendendo o estado de direito. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PT, referiu-se à homenagem, dizendo que, com o convívio com a Brigada Militar, mantido ao longo dos anos, tem aprendido a encontrar soluções aos problemas diários da Cidade, como representante do povo ou mesmo como cidadão. Falou, também, sobre espaço reservado no Parque da Harmonia para a cavalaria da Brigada Militar que faz guarnição a cavalo, mais próximo do Centro da Cidade. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Dastro Dutra e Newton Müller, Chefe da Polícia Civil e, também, de correspondência do Presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul e do Deputado Estadual Marcelo Carrone, referentes ao evento, passando-as às mãos do Comandante Geral da Brigada Militar. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e doze minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e secretariados pelo Vereador Vicente Dutra, Secretário "ad hoc". Do que eu, Vicente Dutra, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Está aberta esta Sessão Solene, destinada a homenagear a Brigada Militar, a Requerimento do Ver. Vicente Dutra, aprovado por unanimidade na Casa.
Solicitamos a todos que fiquem de pé, para que
ouçamos a execução do Hino Nacional.
(É executado o Hino Nacional.)
O SR. PRESIDENTE: De imediato, nós
passamos a palavra ao Ver. Vicente Dutra, que falará em nome das Bancadas do
PDS, PMDB, PT e PL.
O SR. VICENTE DUTRA: (Menciona os
componentes da Mesa.) (Lê.)
“O transcurso dos cento e cinqüenta e quatro anos de existência da Brigada Militar propicia, hoje, uma nova e justa homenagem à corporação que tem sabido conviver, ao longo deste século e meio, com os mais enraizados sentimentos de civilidade da comunidade gaúcha. Nascida em meio à luta heróica da Revolução Farroupilha, a Brigada Militar não fez outra coisa, neste século e meio que nos separa de sua criação, senão pôr-se ao lado da lei e dos direitos humanos, erguendo, sempre que chamada, a bandeira da ordem jurídica.
Foi sempre assim que agiu a Brigada Militar ao longo destes anos todos: pela legalidade, em nome das tradições democráticas e visando ao aperfeiçoamento das instituições rio-grandenses.
Sua gloriosa história está
escrita, com sangue e honra, desde a organização policial militar formada em 18
de novembro de 1837, quando o Presidente da Província, General Antônio de
Miranda e Brito, assinou a Lei nº 007, criando o Corpo Policial da Província de
São Pedro do Rio Grande do Sul, a qual se destinava a manter a ordem interna,
abalada pelo conflito que envolvia imperiais e revolucionários. Passou, mais tarde, por
inúmeras transformações em sua denominação oficial até ser chamada de Brigada
Militar do Estado, em 15 de outubro de 1892.
Pois foi nas ruas, no dia-a-dia com os cidadãos,
no amparo aos necessitados, na perseguição aos criminosos, na ordenação do
trânsito, que a nossa Brigada Militar tornou-se imprescindível a cada um dos
homens e mulheres de bem, os quais, em troca, vêem o homem fardado como uma
ponta de lança que assinala o respeito e o socorro, a ordem e a segurança
pública, a bravura e a inigualável dedicação à causa pública.
Esta sucessão de excelentes e inestimáveis
serviços prestados à sociedade gaúcha não nos permite esquecer, por fim, a
verdadeira fileira de heróis que marcaram a sua história, dentre os quais,
simbolicamente, nos limitamos à citação dos Coronéis Fabrício Batista de
Oliveira Pilar, José Bento Porto, Cipriano da Costa Ferreira, Afonso Emílio
Massot, Emílio Lúcio Esteves, João de Deus Canabarro Cunha e Aparício Borges; o
Sargento Lauri Fortes Garcia; os Soldados Adão Oliveira Silva e Valdeci de
Abreu Lopes e, destacadamente, o Coronel PM Aldo Ladeira Ribeiro, que tanto
honrou a instituição e que, na passagem destes cento e cinqüenta e quatro anos,
passa a ter seu nome gravado na história da Cidade com a denominação de um
sítio urbano que, em comovedora solenidade, inauguramos na manhã de hoje.
Não são, contudo, apenas esses os heróis da Brigada Militar. São heróis todos aqueles que, no campo de batalha ou nas ruas de nossas cidades, mantêm estendida a mão do auxílio que, a um só tempo, é a mais confiável na defesa de nossa organização social. Muito obrigado.”
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a
presença do Sr. Chefe de Polícia do Estado do Rio Grande do Sul, Dr. Newton
Müller.
Passamos a palavra ao Ver. Elói Guimarães, que
fala em nome da sua Bancada, o PDT.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: (Menciona os
componentes da Mesa.) Esta é uma solenidade que não poderia passar sem o
registro na Casa do Povo de Porto Alegre, que é sinalizarmos a passagem de um
século e meio e mais quatro anos de aniversário da gloriosa, da briosa Brigada
Militar do Estado do Rio Grande do Sul. Ora, Sr. Presidente, senhores oficiais,
senhores líderes, senhores comandantes, não estava eu preparado para falar
nesta homenagem, nesta solenidade, mas falar da Brigada Militar é algo que,
pela sua presença, pelo seu visual em nosso Estado, é algo muito difícil, seria
de indagar onde é que não está a Brigada Militar, firme na defesa da segurança
pública, na defesa da sociedade.
Nós temos, meu caro Comandante Maciel, meu caro
Delegado de Polícia Newton Müller, uma concepção sobre segurança.
Evidentemente, ao longo dos anos, em determinados períodos, essa concepção
sofreu alguns questionamentos, mas a função da segurança pública, dos órgãos de
segurança pública, a função da Brigada Militar, é uma função eminentemente
voltada à defesa diuturna, permanente da segurança da sociedade. É o Estado
fardado, defendendo a sociedade, defendendo a população, defendendo, sim, os
nossos trabalhadores no seu direito de ir e vir, defendendo suas famílias, naquela
permanência diuturna da segurança pública. Então, a Casa do Povo de Porto
Alegre realiza hoje, aqui, um grande ato, um magnífico ato de reconhecimento
àqueles dos mais diferentes escalões. Desde o mais graduado, o Comandante da
Brigada Militar, ao soldado, realiza essa corporação, para o nosso Estado, um
serviço, uma atividade imprescindível à existência do próprio Estado como
instituição. Não se conhece, ao longo dos anos, da história, desde o homem das
cavernas, não se conhece organismo, por mais simples, por mais modesta que
fosse ao longo da história, da caminhada da humanidade, que não tivesse um
organismo de segurança. Não sobrevive nenhuma sociedade, não se realiza, não
avança, não progride, não existe nenhuma sociedade se esta sociedade não tiver
os seus mecanismos de segurança.
Então, é uma tarde de grande significação para a
Câmara Municipal de Porto Alegre, porque nós aqui representamos a vontade
heterogênea da cidade de Porto Alegre, os mais diferentes segmentos da cidade
de Porto Alegre aqui se fazem representar, e nós, aqui, hoje, nessa homenagem
de agradecimento, sim, de muito agradecimento à Brigada Militar, estamos
falando por Porto Alegre, por todos os moradores de Porto Alegre, por todos os
cidadãos de Porto Alegre, ricos, pobres, estamos aqui, sim, homenageando a
Brigada. Em nome desta Cidade, em nome dos bairros, pobres, ricos, não importa,
em nome das atividades todas, nós estamos hoje aqui, devidamente credenciados
para fazer e para agradecer o trabalho permanente, diuturno, incansável e
muitas vezes incompreendido que realiza a Brigada Militar. Ora, senhores
oficiais, muitas vezes não se compreendem determinadas ações, determinadas
situações, determinados transes difíceis que enfrenta isso que se chama
segurança que realiza a Brigada Militar e realiza a Polícia Civil, muitas vezes
acontecimentos isolados, muitas vezes não são compreendidos pelo conjunto, por
setores da sociedade.
Mas é preciso, Sr. Presidente, senhores oficiais
e autoridades aqui presentes, que se entenda, que se compreenda o papel e a
significação da Brigada Militar. Ela que passou pelas revoluções que se fizeram
neste século e meio, passando por 1893, 1923 e por aí se vai, a Brigada Militar
é quase que algo onipresente. Ela está em todas. É na hora dos acontecimentos
festivos, é na hora dos acontecimentos difíceis, lá está a Brigada Militar, lá
está o brigadiano, zelando pela segurança da sociedade, zelando pela segurança
das pessoas. Então, hoje, aqui, a Câmara consigna para os seus Anais um
acontecimento altamente significativo, porque estamos reverenciando uma tropa,
um conjunto de homens e mulheres que estão presentes em diferentes segmentos da
nossa sociedade, soldados, sargentos, oficiais, defendendo a sociedade,
defendendo o Estado de Direito. Muitas vezes não se compreende muito bem a ação
da autoridade militar, o Estado. A Brigada é o Estado, é o Estado-Segurança.
Até os legisladores, que elaboram as leis, não entendem muitas vezes o
cumprimento do dever, mas o brigadiano está ali, cumprindo o mandamento da lei
e muitas vezes questionamos suas ações, que são apenas o cumprimento da lei.
Então, esta é uma homenagem que nós, em nome do
Partido Democrático Trabalhista, queremos prestar à Brigada Militar pelo que
ela representa, pelo sacrifício dos nossos brigadianos que se encontram
espalhados por este Rio Grande, nos mais diferentes rincões, enfrentando as
barras mais difíceis e mais pesadas. Eu até diria, senhores oficiais, que a
Brigada é uma instituição onipresente, ela aparece em todos os acontecimentos,
desde o esportivo até as peleias que se desenvolvem pelo interior. A Brigada se
apresenta, sempre, como o instrumento capaz de harmonizar as situações. Muitas
vezes, infelizmente, ocorrem fatos, mas a sociedade tem que ter a compreensão
desses fatos, porque os brigadianos são seres humanos como todos nós, por isso
mesmo erram, não são santos, são homens!
Fica aqui o nosso reconhecimento, Cel. Maciel,
aos seus comandados do interior e da nossa Cidade, fica aqui o reconhecimento
da Cidade, a homenagem pelo grande esforço que faz a Brigada em todos os
momentos, quer durante o dia, quer durante a noite, enfrentando intempéries,
problemas, toda essa dinâmica social diversificada pelos seus problemas. Fica
aqui a nossa profunda homenagem e, nesse sentido, este ano, tive a honra, com a
unanimidade da Casa, de aprovar aqui um nome de rua para um oficial da Brigada
Militar. Eu até diria um oficial a quem eu sempre considerei um oficial de
linha de frente, na linguagem militar, e aqui eu sou um homem de Partido, e é
um homem que não era do meu Partido, mas que foi um oficial talentoso, um
oficial valente, intimorato no cumprimento do dever, o Cel. Kelecchia, tão cedo
arrancado do nosso meio. Estou prestando este ano, vamos prestar possivelmente
o ano que vem, aprovamos neste ano por unanimidade da Casa, uma rua com o nome
do nosso inesquecível amigo, comandante, não foi comandante da Brigada, foi
comandante de Batalhões da Brigada Militar, que foi o Cel. Ricardo. E este ano
vamos lhe prestar uma homenagem e quero ter a oportunidade de convidar a todos
para prestar essa homenagem singela, pequena, mas profunda, àquele homem que
esteve sempre a serviço da sociedade na defesa dos homens de bem, das pessoas
de bem, contra a delinqüência que, infelizmente, se alastra por razões que nós
todos sabemos, de ordem social, econômica.
Portanto, fica aqui, Sr. Presidente, Comandante
da Brigada, Chefe da Casa Militar, aqui representando o Governador, fica aqui o
nosso profundo agradecimento, a nossa homenagem, a homenagem da Cidade, do seu
povo a essa briosa força, a essa força permanente que é o Estado vivo, o Estado
na defesa o que há de mais sagrado, que é a vida. Pois o brigadiano está a
serviço na defesa da vida das pessoas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a
presença dos Vereadores João Dib, Ervino Besson., Clovis Ilgenfritz e Vieira da
Cunha. Registramos, também, a presença do Dr. Tarso Dutra, pai do Ver. Vicente
Dutra.
Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: (Menciona os
componentes da Mesa.) Queria, em primeiro lugar, registrar o meu
agradecimento ao Ver. Clovis Ilgenfritz, Líder da minha Bancada, pela
deferência de poder eu representar os nossos companheiros, e agradecer ao companheiro Airto Ferronato que, em
decorrência da decisão, assumiu a Presidência dos trabalhos nesta tarde. É
provável que muitos dos senhores, em tempos pretéritos, já participaram de
episódios em que a convivência entre o nosso Partido, ou companheiros do nosso
Partido e integrantes da corporação não era pacífica, tão respeitosa, seja no
próprio espaço do Parlamento, na Assembléia, ou nesta Casa, em que, por
exemplo, já tivemos posições de nos ausentarmos das Sessões quando tivemos
momentos de confronto formal em episódios da nossa história recente. Pode
causar, portanto, para muitos, surpresa que nos últimos dois ou três anos as
nossas Bancadas formalmente constituídas na Assembléia e nesta Casa, não apenas
tenhamos participado, quanto nos expressado objetivamente em homenagem à
instituição. E, muitas vezes, em homenagem a integrantes específicos da
instituição. Mas este é um aprendizado que todos nós estamos vivendo no
processo de democratização deste País.
Quero trazer dois depoimentos meus, pessoais, na campanha eleitoral de
1988, que elegia o nosso companheiro Olívio Dutra como Prefeito. Muitas e
muitas vezes, sobretudo nos últimos dias, fui abordado por companheiros da
Brigada e, às vezes, até por companheiros em serviço que, até preocupados com
uma eventual quebra de regulamento, nos diziam: “Me passa o material da
campanha, a gente está dando uma força”. E esse foi um convívio, foi um
aprendizado diferente porque, de repente, a gente ficava de salvaguarda, quando
chegava o soldado, a gente achava que vinha prender o material e, ao contrário,
encontrávamos um gesto extremamente simpático e um gesto de apoio a uma luta, a
uma campanha, a um discurso que nós estávamos levando à sociedade.
Um outro aprendizado foi quando assumimos a
Prefeitura e desempenhei as funções de Secretário Municipal dos Transportes.
Vivi durante os nove meses em que permaneci à frente daquela Secretaria
permanentemente em convívio com os senhores integrantes da Brigada Militar,
desde os comandos, com os quais discutimos, na tarde em que o Prefeito Olívio
Dutra decidiu pela intervenção do sistema de transporte coletivo, o tipo de
ação que seria feita naquela madrugada, e foi o Comando da Brigada Militar a
primeira instituição, à exceção do Prefeito, que tomava ciência da decisão
administrativa do Prefeito, que era também política e que envolvia toda a
cidade de Porto Alegre. Nos dias subseqüentes, contamos não só com o apoio, mas
decididamente com a participação de companheiros da Brigada, lá no Copom, lá
nas áreas durante a madrugada, que nós estávamos na Secretaria, e não só as
equipes da Secretaria, mas também o Secretário, nós também encontrávamos
sargentos, soldados, tenentes, os comandantes fechando conosco o acompanhamento
dos ônibus que muitas vezes estavam para ser apedrejados ou simplesmente
desviados de roteiro. E aprendemos exatamente isto que o Ver. Elói Guimarães
ainda há pouco registrava, que se a Brigada Militar, se eventualmente, em
certos momentos, nos encontrávamos em situações e posições diversas, não era
exatamente a Brigada Militar que as havia escolhido, mas ela, dentro dos seus
comandos, dentro da sua ordenação hierárquica, dentro de uma ordem
estabelecida, que talvez nós estivéssemos a contestar, mas era a ordem vigente,
ela cumpria as suas funções.
E o terceiro depoimento, tive a honra e alegria de
muitas e muitas vezes, no decorrer da minha vida profissional enquanto
professor universitário, de encontrar talvez muitos dos que hoje ocupam os
comandos de vários setores da Brigada como meus alunos na sua formação
universitária, num curso de Arquitetura, num curso de Jornalismo, até mesmo em
alguns debates políticos, onde a gente conseguia, sem nenhum problema, trocar
idéias e respeitosamente divergir. E acho que foi através desse tipo de
convívio que fomos nos conhecendo.
Eu acho que o Partido dos Trabalhadores, ao longo
destes anos, tem prestado objetivamente uma contribuição à organização
democrática deste País.
Eu me permitiria lembrar que enquanto um Partido
se organiza e se constitui numa organização e tem referenciais de comando, é
sempre isso melhor do que se ter massas ou grupos desorganizados aos quais não
conseguimos ter referências. Então, mesmo nos confrontos, mesmo nas
discordâncias, nós aprendemos a ter no Comando de Batalhão, no tenente-coronel,
no sargento, enfim, quem quer que fosse que tivesse autoridade da tropa, uma
referência até mesmo para a tentativa de diálogo ou de debate, e os senhores,
tenho certeza, também se acostumaram a encontrar no Partido dos Trabalhadores,
claramente, uma disciplina definida até mesmo e, talvez, sobretudo nas
discordâncias. Eu tenho certeza de que isso ajudou a todos nós a nos
conhecermos e a nos respeitarmos.
Permitiria também lembrar, prezado Comandante,
senhores da corporação, que mais recentemente essas nossas eventuais
discordâncias históricas não impediram que companheiros do meu Partido,
enquanto Deputados Estaduais, apresentassem importantes Emendas à Constituição
Estadual, que reconheciam e defendiam, por exemplo, a importância da corporação
da Brigada Militar e não impedem, neste momento, que companheiros meus,
Deputados Federais e Senadores, defendam lá no Congresso Nacional posturas que
são antigas das corporações militares dos Estados e que estamos discutindo,
inclusive, com os integrantes da corporação, pois não queremos, evidentemente,
apresentar propostas ou impor decisões sem a discussão plena com os senhores e
com a sociedade civil organizada, que é de onde nós viemos.
Acho que esta história muito curta, muito
simples, que eu me permito apenas lembrar, responde plenamente por que o
Partido dos Trabalhadores nestes últimos anos se faz presente. Se faz presente
até para dizer discordo, mas se faz presente sobretudo para reconhecer a
importância de cada um individualmente, daquele cabo mais humilde, daquele
soldado mais anônimo ao Comandante da Brigada, a este cidadão que ainda este
ano tive o prazer de ouvir dizer: "Venha aqui almoçar comigo, porque eu
gosto muito de conversar com vocês do PT". E eu tenho ido muitas vezes
conversar com o Cel. Antônio Carlos, porque eu acho que têm sido boas essas
conversas, nós temos crescido e eu, pelo menos, tenho aprendido muito com ele e
fiquei satisfeito, Coronel, o Senhor sabe disso, quando da nossa conversa de
intervenções variadas de companheiros, inclusive do Ver. Clovis Ilgenfritz, nós
estamos chegando a uma solução que é um problema antigo na nossa Capital, que é
a fixação de um Batalhão que faz o policiamento a cavalo e que vai ter agora
uma sede no Centro da Cidade, vai facilitar o trabalho, vai melhorar a Cidade,
mas que era uma discussão nossa, para localizarmos isso no parque porque,
afinal de contas, o parque era o parque e a gente tinha que ver como se
resolvia esse problema.
Acho que são esses convívios que são importantes.
E se nós, talvez, ao longo da história, em determinados momentos, pelas
posições que nós defendemos, teremos que nos encontrar, talvez, em alas opostas
em certo momento, acho que tem havido, crescentemente, um entendimento de que
posições diversas, cada um de nós é cidadão, somos pessoas construindo um país
e até nas diferenças nós construímos um país, quem sabe lá muito mais nas
diferenças nós construímos um país e discutimos e levamos as nossas idéias
avante.
É nesse sentido, portanto, que queremos
registrar, aqui, em meu nome pessoal, dos meus companheiros, do Ver. Clovis Ilgenfritz,
Líder da nossa Bancada nesta Casa, a nossa satisfação por essa homenagem. E,
esperamos, sobretudo, a figura, o trabalho, do Cel. Antônio Carlos, por quem
tenho, realmente, um profundo respeito, que tem dado uma ótica extremamente
democrática, aberta, eficiente, inclusive nas soluções dos problemas sociais
que enfrentamos numa época tão crítica, tão problemática desse País. Ele tem
tido essa sensibilidade, que não é apenas a sensibilidade do soldado, mas que é
a sensibilidade de quem tem clareza em relação às questões sociais, aos
problemas que se enfrentam. Eu tenho certeza de que essa corporação, que tem na
sua história uma contribuição extremamente importante para o Rio Grande do Sul,
a possibilidade da sua unificação política, a sua definição como poder central
de administração e de comando militar, desde a sua fundação, evitando toda
aquela tradicional política de coronelismo que tínhamos em todos os setores do
Estado, essa corporação terá, ainda, daqui para a frente, outros papéis
importantes.
Ao prestarmos a solidariedade, inclusive ao
Comandante, a todos os senhores e a toda a tropa na sua luta, inclusive pelas
reivindicações de salários, pela necessidade de reformulação de estruturas,
pelo melhor equipamento, nós queremos, também, prestar a solidariedade no
sentido de que a melhoria do trabalho dos senhores será, também, a melhoria da
nossa condição de vida no dia-a-dia. Era essa, Sr. Comandante, a nossa palavra,
em nome dos nossos companheiros de Partido e, muito especialmente, do nosso Líder.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a
palavra ao Cel. Antônio Carlos Maciel Rodrigues, Comandante-Geral da Brigada
Militar.
O SR. ANTÔNIO CARLOS MACIEL
RODRIGUES: (Menciona os componentes da Mesa.) Meus companheiros de Brigada Militar,
do soldado ao coronel, que me ajudam a comandar essa corporação e levá-la a um
destino que esperamos seja brilhante, senhoras e senhores. (Lê.)
“Há cento e cinqüenta e quatro anos, a Brigada
Militar vem servindo o Rio Grande e o seu povo. Por isso, é muito natural que
nos sintamos muito à vontade nesta solenidade realizada pela Casa do Povo de
Porto Alegre. A família brigadiana, cujos representantes estão reunidos neste
local e em milhares de outros pontos neste Estado, também é representada pelos
Srs. Vereadores, isto porque, Sr. Presidente Antonio Hohlfeldt, sob essas
fardas está o cidadão, o pai de família, o profissional da segurança pública.
Esta homenagem que é prestada pelos Vereadores da Capital à Brigada gaúcha,
tomamos como reconhecimento, agradecimento pelos serviços que prestamos à
sociedade.
A Brigada, como todos os demais grupos sociais
que laboram pelo engrandecimento do Rio Grande, é composta por trabalhadores.
Do soldado ao coronel, nós, brigadianos, somos todos trabalhadores
especializados. A segurança da comunidade é a nossa especialização. E, ao
recebermos tão significativa e carinhosa homenagem da edilidade
porto-alegrense, representada pelos Vereadores de todos os Partidos com assento
nesta Casa, sentimos que auferimos também novas energias para redobrar o nosso
trabalho no cumprimento da nossa destinação constitucional.
Desejo, em particular, apresentar a contrapartida
desta homenagem ao ilustre Presidente desta Casa Legislativa, o Ver. Antonio
Hohlfeldt, com a gratidão deste Comando e da Brigada Militar a S. Exª que, por
sua sensibilidade e visão política, tem facilitado sobremaneira o
relacionamento da instituição Brigada Militar com as instituições políticas que
integram o Município, a começar pelo Legislativo de Porto Alegre. Da mesma
forma, expresso minha gratidão ao ilustre Ver. Luiz Vicente Dutra, do Partido
Democrático Social, pela iniciativa de requerer esta Sessão Solene. Seu gesto
dá a dimensão da superioridade dos seus sentimentos e da sua admiração pela Brigada,
que afirmamos, creia, Vereador, e recíproca.
Esta solenidade, Sr. Presidente e nobres Srs.
Vereadores, é a mostra mais transparente da integração comunitária. Aqui estão
consubstanciados nesta comunhão os fatores que compõem uma sadia e produtiva convivência.
Demonstração eloqüente disso é exatamente o fato de um órgão do Poder Executivo
Estadual estar recebendo uma homenagem do Legislativo Municipal.
Além do mais, há que se relevar o muito que esta
Câmara de Vereadores tem feito pela Brigada Militar. Acrescente-se a esta
receita, ainda, a destinação da instituição Câmara de Vereadores e da
instituição Brigada Militar. Ambas provêm do povo e para o povo devem
trabalhar. Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a alegria de estarmos
aqui, na Semana da Brigada, numa série de eventos e comemorações que têm como
objetivo assinalar o nosso aniversário, queremos repartir com todos os senhores
o júbilo que sentimos ao participarmos desta solenidade.”
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos o
recebimento de telex cumprimentando pelo aniversário da Brigada Militar,
informando da impossibilidade de comparecer por motivo de outros compromissos,
do Presidente do Banrisul, Dr. Flávio Obino, e do Deputado Marcelo Mincarone.
Ilustres componentes da Mesa, senhoras e
senhores, oficiais aqui presentes, autoridades aqui presentes, em nome da Mesa
Diretora, nós cumprimentamos a Brigada Militar pela passagem dos seus cento e
cinqüenta e quatro anos de existência e agradecemos a presença de todos.
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 18h35min.)
* * * *
*